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Diário de Bordo do Laboratório - Máscara Neutra com Tiche Vianna (1ª semana)

Atualizado: 23 de jun. de 2021



Olá gente, este blog surge da vontade de registrar e compartilhar esse projeto de estudos em máscaras teatrais com quem tiver interesse. Portanto, a cada semana publicaremos o diário de bordo dos encontros a partir de nossas anotações e pensamentos sobre o que é disparado nas aulas. Esperamos que faça algum sentido para nós, pesquisadores das máscaras. Boa leitura.


-Jeanne e Sid.


Dia 1 - 05/06/21


Quanto tempo nos dedicamos a imaginar? Se for pouco, arranje um pouco mais de tempo. Imaginar aquilo que é absurdo. Algo que ninguém nunca pensou. O que não cabe em lugar nenhum, mas te fortalece.

O ser humano é muito medroso, é normal. Mas é preciso aprender a lidar com o medo: descartar o que não serve e usar o que serve. Usar o medo como aliado. Deixar de lado a paralisia que o medo proporciona e usar a cautela a favor.

Primeiro espreguice-se, de forma diferente da que faz quando sai da cama. É parecido, mas a função é outra. Respire. Abrir espaços. Abriiiiiiir espaços. Entre seus músculos e seus ossos. Articulações, cartilagens… tudo!

A máscara se relaciona com tudo, não joga nada fora.


O que é neutralidade? É possível?

O corpo é neutro? Nossos rostos são neutros?

Olhe o colega ao lado e se demore.

O teatro é neutro? Neutro babaca.

Não há porque fazer teatro neutro.

Há porquê, mas é arte babaca.

E não é porque a escolha é inconsciente que ela se torna neutra.

A neutralidade pode ser uma ferramenta. O teatro neutro não nos serve. A ferramenta neutra é o zero, que recebe adições aqui e lá e se torna expressivo, múltiplo.

A máscara é síntese.

Através delas podemos transformar patologias pessoais em mitologias.


“A diferença entre a sensação e o sentimento é que o sentimento precisa ser traduzido em ações físicas. Após assistirmos você correr do urso, percebemos que está com medo. A sensação é muscular e pode ser repetida incansavelmente, exemplo: mastigar bombril.”

É necessário dar materialidade ao invisível.


Ao contrário do teatro normal, que é sobre ação e reação,

com máscaras agimos por reação.

O que é máscara?

O que é máscara teatral?

Para que máscaras teatrais?


É natural ao humano a arte de imitar.

A máscara representa um conjunto de características coletivas, ou uma figura reconhecível.

Sagrada/mundana.

A função é cobrir e tornar-se.

A máscara cobre a primeira identidade, o nosso órgão identitário.



Dia 2 - 06/06/21


Com a máscara neutra vamos retirar o que há de viciado em nosso corpo.

O que desloca inconscientemente nosso eixo do centro.

Pré-expressividade.

Vivenciar a natureza da máscara que enxerga tudo como se fosse a primeira vez, sem julgamento.

Afecção: atravessamentos.

Mas máscara é corpo.

Por isso o corpo deve ser treinado como uma massa de modelar, para que se torne flexível e forte.

Enraizar-se no chão, com raízes profundas que sugam energia da terra. Uma linha que puxa pra cima a partir do cocuruto da cabeça. Abri espaços... Oxigenar.

Cada parte do corpo se mexe, de cada vez compondo uma frase coesa. Nem lenta, nem rápida demais. Se o corpo tem uma pausa muito longa, a máscara morre e vê-se o ator pensando, se é muito rápida, a quantidade de informação é excessiva e a máscara não comum.

Torções, oposições, fragmentações.

Vende seus olhos e gire. Ainda sabe onde está?

Suba numa montanha: no cume há vento, pássaros, nuvens e um grande abismo abaixo.

Nariz na coisa e a coisa em mim. O abismo em mim.

De onde parte o movimento?

Presença e fluidez. Reconhecer as tensões no corpo, liberar. Tirar a ansiedade, o imediatismo.

Máscara é movimento, mas precisa de foco.


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