Olá gente, este blog surge da vontade de registrar e compartilhar esse projeto de estudos em máscaras teatrais com quem tiver interesse. Portanto, a cada semana publicaremos o diário de bordo dos encontros a partir de nossas anotações e pensamentos sobre o que é disparado nas aulas. Esperamos que faça algum sentido para nós, pesquisadores das máscaras. Boa leitura.
-Jeanne e Sid.
Dia 1 - 05/06/21
Quanto tempo nos dedicamos a imaginar? Se for pouco, arranje um pouco mais de tempo. Imaginar aquilo que é absurdo. Algo que ninguém nunca pensou. O que não cabe em lugar nenhum, mas te fortalece.
O ser humano é muito medroso, é normal. Mas é preciso aprender a lidar com o medo: descartar o que não serve e usar o que serve. Usar o medo como aliado. Deixar de lado a paralisia que o medo proporciona e usar a cautela a favor.
Primeiro espreguice-se, de forma diferente da que faz quando sai da cama. É parecido, mas a função é outra. Respire. Abrir espaços. Abriiiiiiir espaços. Entre seus músculos e seus ossos. Articulações, cartilagens… tudo!
A máscara se relaciona com tudo, não joga nada fora.
O que é neutralidade? É possível?
O corpo é neutro? Nossos rostos são neutros?
Olhe o colega ao lado e se demore.
O teatro é neutro? Neutro babaca.
Não há porque fazer teatro neutro.
Há porquê, mas é arte babaca.
E não é porque a escolha é inconsciente que ela se torna neutra.
A neutralidade pode ser uma ferramenta. O teatro neutro não nos serve. A ferramenta neutra é o zero, que recebe adições aqui e lá e se torna expressivo, múltiplo.
A máscara é síntese.
Através delas podemos transformar patologias pessoais em mitologias.
“A diferença entre a sensação e o sentimento é que o sentimento precisa ser traduzido em ações físicas. Após assistirmos você correr do urso, percebemos que está com medo. A sensação é muscular e pode ser repetida incansavelmente, exemplo: mastigar bombril.”
É necessário dar materialidade ao invisível.
Ao contrário do teatro normal, que é sobre ação e reação,
com máscaras agimos por reação.
O que é máscara?
O que é máscara teatral?
Para que máscaras teatrais?
É natural ao humano a arte de imitar.
A máscara representa um conjunto de características coletivas, ou uma figura reconhecível.
Sagrada/mundana.
A função é cobrir e tornar-se.
A máscara cobre a primeira identidade, o nosso órgão identitário.
Dia 2 - 06/06/21
Com a máscara neutra vamos retirar o que há de viciado em nosso corpo.
O que desloca inconscientemente nosso eixo do centro.
Pré-expressividade.
Vivenciar a natureza da máscara que enxerga tudo como se fosse a primeira vez, sem julgamento.
Afecção: atravessamentos.
Mas máscara é corpo.
Por isso o corpo deve ser treinado como uma massa de modelar, para que se torne flexível e forte.
Enraizar-se no chão, com raízes profundas que sugam energia da terra. Uma linha que puxa pra cima a partir do cocuruto da cabeça. Abri espaços... Oxigenar.
Cada parte do corpo se mexe, de cada vez compondo uma frase coesa. Nem lenta, nem rápida demais. Se o corpo tem uma pausa muito longa, a máscara morre e vê-se o ator pensando, se é muito rápida, a quantidade de informação é excessiva e a máscara não comum.
Torções, oposições, fragmentações.
Vende seus olhos e gire. Ainda sabe onde está?
Suba numa montanha: no cume há vento, pássaros, nuvens e um grande abismo abaixo.
Nariz na coisa e a coisa em mim. O abismo em mim.
De onde parte o movimento?
Presença e fluidez. Reconhecer as tensões no corpo, liberar. Tirar a ansiedade, o imediatismo.
Máscara é movimento, mas precisa de foco.
Comments